Esquema
de:
GEERTZ,Clifford. (1989) "A religião como sistema cultural"
In: A interpretação das culturas. Rio de Janeiro:Guanabara.
Capítulo 4, pp. 101-142. [1ª. ed. do artigo é de 1966, do livro é de 1973]
0. Epígrafe: Santayana e a religião como um novo mundo em que viver
I. (101-103) Levantamento da questão: as insuficiências da antropologia religiosa atual e uma proposta de trabalho (estudar a "dimensão cultural da análise religiosa")
- Crítica à estagnação teórica da antropologia religiosa pós II GM: repetição dos clássicos e falta de interdisciplinaridade
- A proposta de Geertz: trabalhar a "dimensão cultural da análise religiosa"
- Definição de cultura (como sistema simbólico)
- Avanço irá dar-se na medida em que se definirem "significado", "símbolo" e "concepção"
II. (103-140) A definição de religião, a explicação e exemplificação dos componentes deste sistema
- O paradigma inicial: símbolos sagrados sintetizando o ethos de um povo
- A definição de religião:
"(1) um sistema de símbolos que atua para
(2) estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições e motivações nos homens
p.105 através da
(3) formulação de conceitos de uma ordem de existência geral e
(4) vestindo essas concepções com tal aura de fatualidade que
(5) as disposições e motivações parecem singularmente realistas."
- ... um sistema de símbolos que atua para...
* definição de símbolo
* definição de padrões culturais (como fontes extrínsecas de informação)
* modelo de e modelo para
* o homem como animal simbólico (só ele elabora modelos da realidade)
- ... estabelecer poderosas, penetrantes e duradouras disposições (moods) e motivações (motivations) nos homens através da...
* Definição de moods (variam em intensidade, não induzem a nada, são analisadas em termos das suas fontes)
* Definição de motivations (são "qualidades vetoriais" tem um "molde direcional", analisadas em termos dos seus fins)
* Ex: Dizemos que uma pessoa é diliginte porque visa ao sucesso; dizemos que uma pessoa está preocupada porque tem consciência da ameaça de um holocausto nuclear."
... formulação de conceitos de uma ordem de existência e...
* As duas dimensões dos símbolo religiosos estão inextrincavelmente ligadas, eles só induzem a um ethos (moods e motivations) porque colocam estas disposições num arcabouço cósmico
* Sem os símbolos e os sistemas simbólicos, o homem seria acometido de uma "grave ansiedade" gerada não só pela falta de interpretações mas de interpretabilidade; este caos ameaçaria o homem em três pontos:
i. "limites de sua capacidade analítica" (perplexidade)
ii. "limites de seu poder de suportar" (sofrimento)
iii. "limites de sua introspecção moral" (sentido de paradoxo ético obstinado [i.e. injustiça] )
* Os três desafios propostos pela experiência (perplexidade, sofrimento e paradoxo ético) geram "a suspeita inconfortável (sic) de que talvez o mundo, e portanto a vida do homem no mundo não tenha de fato uma ordem genuína qualquer – nenhuma regularidade empírica, nenhuma forma emocional, nenhuma coerência moral."
* A religião vai ser uma resposta a este tríplice desafio, sempre da mesma
forma: "a formulação, por meio de símbolos, de uma imagem de tal ordem genuína do mundo, que dará conta e até celebrará as ambiguidades percebidas, os enigmas e os paradoxos da experiência humana."
* Ou seja, a religião afirma, ou ao menos reconhece: "a inescapabilidade da ignorância, da dor e da injustiça no plano humano" - "enquanto nega, simultaneamente, que essas irracionalidades sejam características do mundo como um todo."
... e vestindo essas concepções com uma tal aura de fatualidade que...
* Como se chega a acreditar ? A QUESTÃO: "De que maneira um homem religioso muda de uma percepção inquieta de desordem experimentada para uma convicção mais ou menos estabelecida de ordem fundamental ? O que significa exatamente a crença num contexto religioso ?"
* "a crença religiosa não envolve uma indução baconiana da experiência cotidiana – do contrário, seríamos todos agnósticos – mas, ao contrário, uma aceitação prévia da autoridade que transforma essa experiência."
* "O axioma básico subjacente naquilo que poderíamos talvez chamar de ‘perspectiva religiosa’ é o mesmo em todo o lugar: aquele que tiver de saber precisa primeiro acreditar."
* A perspectiva religiosa e suas diferenças em relação às perspectivas do senso comum, da ciência e da estética * A definição de ritual (comportamento consagrado) e seu papel: operar a fusão do mundo vivido e do mundo imaginado, transformando o sentido de realidade
* A experiência religiosa como um exemplo de salto entre as províncias finitas de significado (Schutz); o caso do Bororo que se diz um periquito, o que isso significa em termos de uma perspectiva religiosa e em termos de uma perspectiva do senso comum e como a primeira altera e influencia a segunda
* Se a imbricação entre religião e senso comum é geral, o conteúdo é particular, varia de cultura para cultura, de religião para religião; não é possível fazer "uma avaliação geral do valor da religião em termos tanto morais quanto funcionais."
III. (140-142) Conclusões e questões metodológicas :
- A importância da religião para o antropólogo: um modelo da atitude e um modelo para a atitude
- "O estudo antropológico da religião é, portanto, uma operação em dois estágios:"
i. "uma análise do sistema de significados incorporados nos símbolos* que formam a religião propriamente dita"
ii. "o relacionamento desses sistemas aos processos sócio-estruturais e psicológicos."
online source: "Esquema-religao.pdf"; not registered (any information is welcome)
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